TEXTOS PARA LEITURA


A Corrente do Santo Graal

Elaborado por:  Sonia Maria Clausen Johnson Bomfim

 

Durante muito tempo ouvi falar do Graal, a imagem que ficava era de algo misterioso e de certa forma inacessível para meros mortais. Hoje, ao passar por vários estudos e várias linhas filosóficas espirituais obtive algumas respostas e a principal delas é que tudo tem a ver com o ser do Cristo. Por isso, resolvi me aprofundar na Cristologia com a visão da Antroposofia, que me deu o embasamento necessário para escrever este texto.

A pergunta que me carregou foi: - O que é o Graal?

Esse termo é muito usado nas lendas arthurianas e esotéricas, nelas falam que para conseguir vê-lo precisava ser muito virtuoso e espiritualizado e que era concedido apenas aos iniciados ou escolhidos. Tudo que se tinha acesso enquanto informação deixava claro que havia um grande mistério envolvendo esse assunto e assim precisa-se ir tecendo uma colcha de retalhos, se quisermos compreender do que se trata quando nos referimos ao Graal.

Então, vamos relembrar. No iníciode tudo vivíamos unos com o mundo espiritual e tínhamos contato com os seres divinos que ali atuavam, daí houve a “queda do paraíso”, que foi a intrusão de Lúcifer em nosso desenvolvimento e aí paulatinamente se perdeu o acesso ao mundo espiritual por todos. Cabendo aos iniciados (indivíduos chamados neófitos) que faziam uma iniciação espiritual de forma rígida e demorada, acompanhadas pelos hierofantes) a responsabilidade de manter contato e trazer notícias do mundo espiritual.

Assim, cada vez mais o mundo terreno e o divino separavam-se e a decisão de Cristo de intervir, já no princípio de tudo isso, fez com que iniciasse sua descida até a parte terrestre para ajudar na luta contra as forças adversas atuantes naquela época e que estavam tornando a terra um mundo denso demais, o que comprometeria o desenvolvimento proposto do ser humano pelos seres divinos. Rudolf Steiner fala que houve quatro sacrifícios, sendo o quarto a crucificação no Monte Gólgota, em Jerusalém e que haveriam mais três.

O primeiro grande sacrifício foi quando adentrou na esfera do Zodíaco para salvar os doze sentidos, o segundo na esfera do sistema planetário para preservar os sete órgãos vitais e o terceiro quando salvou os três âmbitos da alma humana: pensar, sentir e querer/agir. Sendo que a crucificação foi o quarto sacrifício realizado por esse ser divino, o Cristo.

Enquanto isso tudo ocorria, houve participações de outros seres divinos da esfera das hierarquias, sendo Micael aquele que desde o início acompanha tudo e também faz vários sacrifícios pelos seres humanos, além de outros seres que precisaram abdicar de seu próprio desenvolvimento para que Cristo pudesse cumprir o que se realizou no Gólgota.

Isso tudo aconteceu nas épocas de desenvolvimento humano citadas na Cosmogênese, que levaram respectivamente os nomes de Polar, Hiperbórea, Lemúria, Atlântida e a atual com o nome de Terra. Sendo que na Terra já ocorreram outras etapas que receberam os nomes de Velha Índia, Velha Pérsia, Egito/caldeu, Greco/romana e a atual seria a 5ª época pósAtlântida.

Foi na época Greco/romana queo que uma vez tinha sido experimentado nos mistérios como uma "revelação" do Ser Solar dentro da alma de iniciados preparados, poderia agora tornar-se uma "Revelação" de Cristo através dos sentidos físicos dos seres humanos presentes no mundo terrestre, ou seja, através do pensamento e percepção humanos e que hoje está à disposição de todos. Cristo derramou seu sangue na cruz, morreu uma morte terrenae ressuscitou, através dele um potencial foi criado para cada ser humano que "morre" na matéria para se levantar novamente para mundos espirituais através de seus próprios esforços.

O ChristoMorimur é que em Cristo a morte torna-se a vida, isto é, a morte de Cristo nos permite um dia de nascer de novoem mundos espirituais. Este renascimento dos seres humanos poderia ocorrer porque osangue de Cristo, a expressão do seu eu divino, havia unido no Gólgota não só com o corpo etérico da Terra, mas também pouco a pouco com o corpo etérico humano. Foi um sacrifício cósmico capaz de resgatar o eu humano, que, por meio do pensamento e da percepção, tinha caído  longe demais de sua pátria espiritual no mundo da matéria.

Esse é o grande mistério do Gólgota onde Cristo nos garantiu a possibilidade do livre arbítrio e a ressurreição, uma vez que consigamos realizar nosso próprio desenvolvimento espiritual. Agora, não mais realizado pelos seres divinos e sim, pela liberdade humana da escolha de cada um de forma consciente e assim, promover o desenvolvimento do macro e microcosmo.

Na noite anterior à sua crucificação, Jesus Cristo deu a seus Apóstolos uma fórmula para lembrar esta união em potencial,queria prepará-los para a época em que Ele já não estaria com eles. Este culto/ ritual iria lembrá-los do eventual unificação da alma humana e a alma da terra com a substância do Eu de Cristo;isto Ele deu na dupla imaginação do pão e do vinho - o ritual departicipaçãodo Seu Corpo e Seu Sangue- na santa ceia da Semana Santae que foi mantido vivo na tradição da taça do Graal ou o Santo Graal.

Aimaginação do Santo Graal fala de um copo usado por Jesus Cristo na última ceia, na semana santa e que foi então usado por José de Arimatéia para recuperar o sangue de Cristo na cruz. Este cálice foi, segundo as lendas, levado por ele à Inglaterra e  finalmente levado pelos anjos para protegê-lo, até queo avô de Amfortas, Titurel, conseguisse construir um castelo para o Graal na Terra.

Além, da simbologia do cálice que carregou o sangue de Cristo usado por José de Arimatéia, havia a lenda da pedra verde que caiu da fronte de Lúcifer ao ser expulso do céu por Micael e outras versões afirmando ser o Graal um livro muito procurado por quem queria poder ou que era uma espada mágica.

O Graal foi procurado pela corrente Arthuriana(especialmente Parsifal), e diz-se que esteve sob a tutela dos Cavaleiros Templários e os Rosacruzes que são seus sucessores.Os cátaros e templários viram isso como o objetivo final de uma longa catarse da alma humana ou corpo astral, e issotambém foi reconhecidopelos Rosacruzes como a transformação alquímica da alma alcançada através de um caminho tortuoso da perfeição.

Os fluxos acima entendiam que esta descida gradual do ser humano na matéria significava que um véu de esquecimento foi se desenhando ao longo do Sabedoria Cósmica Divina que era necessária para essa perfeição. Ahumanidade teria se tornado surdo e cego para a Sabedoria Cósmica Divina da Sophia que tinha descido na evolução do mundo antes doMistério do Gólgota para evitar esse perigo.

Podemos, portanto, dizer que:

- a ponte entre os seres humanos e oser de Cristo é a Sabedoria (Sophia) - que a ponte entre os seres humanose o mundo espiritual, é Cristo.

 

Da mesma forma que Cristo trouxe o poder solar para o sangue de Jesus de Nazaré e posteriormente, para as profundezas da Terra, através de seu sangue eterizado no sacrifício no Gólgota, também deve o ser humano unir o poder solar do sangue com o interior da substância de Cristo, com o que se encontra nas profundezas da alma purificada do karma. Tornando, assim a alma “virgem”, quer dizer pura da interferência das forças adversas atuantes através do karma individual humano.

O coração etérico é o Santo Graal, na visão da Antroposofia, sustentado pela remissão do Pensamento lunar (do Espírito Santo), que medeia a substância do eu de Cristo na alma Sophia. Através deste casamento, o sangue eterizado humano pode se tornar impresso com seu 'nome' ou Eu, o que significa uma redenção do processo de morrer na respiraçãohumana e no sangue - "Em Cristo a morte torna-se vida" .                                     

Segundo Rudolf Steiner: “Pode-se chamar simbolicamente de conhecimento do Graal a sabedoria oculta que se manifesta nos mistérios e que a Antroposofia traz em si.              Aos iniciados modernos também se pode dar o nome de iniciados do Graal, a sabedoria oculta se manifestará e, como uma força interior, impregnará progressivamente todas as manifestações vitais dos homens.

Essa é a promessa contida na busca pelo Santo Graal, que na verdade está em nós mesmos e podemos dizer que nosso corpo físico tornou-se o Graal para que Cristo possa estar em nós, como dizia João Batista: “Eu preciso diminuir, para que Ele possa crescer” e posteriormente Paulo de Damascodisse : “ Não eu, mas Ele em mim”.

 

Bibliografia: 

-     Steiner, Rudolf – palestra OS QUATRO SACRIFÍCIOS DE CRISTO

-     Steiner, Rudolf – SOPHIA, O SANTO GRAAL

-     Steiner, Rudolf – SINAIS E SÍMBOLOS OCULTOS

-     Steiner, Rudolf – A GRÉCIA NO PERÍODO DE DECLÍNIO – O MISTÉRIO DO GRAAL – 16 de abril de 1921

-     Steiner, Rudolf – O MISTÉRIO DO GRAAL- RICHARD EM WAGNER- palestra de 29 de julho de 1906

-     Sergei,Prokofieff- O ciclo do ano como um Caminho da Iniciação

-     Sergei,Prokofieff- A Sophia Celestial e o Ser de Antroposophia, páginas 77, 246


** Código de Honra das Mulheres Celtas**

“Ama o teu homem e segue-o, mas somente se ambos representarem um para o outro o que a Deusa Mãe, ensinou: amor, companheirismo e amizade”“Jamais permitir que algum homem a escravize: Nasceste livre para amar, e não para ser escrava”

“Jamais permitir que o teu coração sofra em nome do amor. Amor é um ato de felicidade, porquê sofrer?!”

“Jamais permitas que os teus olhos derramem lágrimas por alguém que nunca te fará sorrir”“Jamais permitas que o uso do teu próprio corpo seja cerceado. O corpo é a moradia do espírito porquê mantê-lo aprisionado?”

 “Jamais fiques horas à espera por alguém que nunca virá, mesmo tendo prometido”“Jamais permitas que o teu nome seja pronunciado em vão, por um homem cujo nome tu não saibas”

“Jamais permitas que o teu tempo seja desperdiçado com alguém que nunca terá tempo para ti”

“Jamais permitas ouvir gritos em teus ouvidos. O Amor é o único que pode falar mais alto”“Jamais permitas que paixões desenfreadas te levem do mundo real para outro que nunca existiu”

“Jamais permitas que outros sonhos misturem-se com os teus, tornando-os um grande pesadelo”

“Jamais acredites que alguém possa voltar quando nunca esteve presente”

“Jamais te permitas viver na dependência de um homem como se tivesses crescido inválida”

“Jamais te ponhas linda e maravilhosa para um homem que não tenha olhos para te admirar”

“Jamais permitas que teus pés caminhem em direção a um homem que anda a fugir de ti”“Jamais permitas que a dor, a tristeza, a solidão, o ódio, o ressentimento, o ciúme, o remorso, e tudo aquilo que possa tirar o brilho dos teus olhos te dominem, fazendo arrefecer a força que existe dentro de ti!

E sobretudo jamais permitas que percas a dignidade de ser MULHER!”


Brigid, Deusa e Santa

“Brigid, mulher excelente, chama espontânea dourada e flamejante, brilho do sol radiante, conduza-nos para o reino divino”.

Hino irlandêsBrigidbeBithmaith

 

Não há como duvidar do extenso culto – antigo e atual – dedicado a Brigid. Ela é um arquétipo poderoso no mundo contemporâneo, que ultrapassa barreiras religiosas ou filosóficas. Seu poder alcança tanto os adeptos do neopaganismo (druidismo, Wicca, seguidores da Tradição da Deusa) que a cultuam noSabbatImbolccomo uma Deusa Tríplice, padroeira das artes, cura e magia, bem como os cristãos, que a reconhecem como uma mulher real, santificada e venerada, cujos milagres continuam a acontecer até hoje.

A deusa Brigid foi descrita em mitos, lendas, biografias e histórias como uma mulher extraordinária, poderosa, amorosa eenérgica, com traços contraditórios, mesclando fogo e água, determinação e compaixão, cura e combate, virgindade e maternidade, centrada e dedicada na sua missão de proteger e cuidar do seu povo. Para os seus seguidores pagãos, ela é a Deusa Tríplice, padroeira da arte, cura e magia, Senhora do fogo sagrado e das fontes curativas. Para os cristãos, ela é Santa Brigid, uma mulher simples, mas que pela sua vida pura, sua fé e a doação irrestrita para auxiliar doentes e pobres, pode vir a alcançar a santidade. Para os poetas e artistas, ela é a Musa, que os inspira e conduz para a fonte da criatividade. Para os camponeses, ela era a protetora dos rebanhos e da fertilidade da terra, regente da prosperidade, associada às colheitas e ao gado.

A data exata do início do seu culto pagão é desconhecida, acredita-se que foi há milênios, sendo uma das deusas mais antigas, “contemporânea” com Inanna, Ishtar, Ísis, Hera, Gaia, Freyja. A Irlanda pagã foi formada por uma amalgamação de povos indígenas, os construtores dos monumentos neolíticos e as tribos celtas, que chegaram em várias ondas migratórias entre o século VII a.C. e o primeiro d.C. Não se sabe ao certo qual é a sua verdadeira origem, nem a antiguidade do seu culto. Porém, independentemente das suas raízes históricas ou geográficas, seu culto floresceu na Irlanda, Escócia e Bretanha e seu nome imortalizado em várias fontes na França, Espanha, Suécia. Adaptado para a figura cristã da santa, este culto persiste até hoje e centenas de lugares e pessoas na Irlanda guardam seu nome e seus costumes.

A tradição oral celta preservou muitos mitos, lendas e poemas, mas com o passar do tempo e as contínuas guerras, muito do legado ancestral foi perdido. Suas lendas permaneceram ao longo de gerações, transmitidas pelos bardos e poetas (filid) e, mesmo truncadas ou distorcidas pelos monges e historiadores cristãos, preservaram fragmentos da sua esquecida sabedoria e poder. Muitas das lendas da Santa são compilações dos mitos da Deusa, mescladas com elementos cristãos, com o propósito de atrair os pagãos celtas para o cristianismo. Referências escritas apareceram apenas séculos depois da sua morte, reunindo histórias confusas sobre sua suposta identidade, considerando-a ora como a parteira e madrinha de Jesus (que nasceu séculos após) e invocada pelas parturientes, ora a própria Maria.

A Deusa foi transformada em Santa a fim de legitimar e promover a conversão para a nova religião, um passo importante para estabelecer a mudança de costumes. O antigo templo de fogo de Kildareda deusa na Irlanda, destruído pelas guerras e os saques, foi recuperado e transformado em catedral da santa. A sua chama sagrada, depois de extinta pela perseguição reformista, foi acesa novamente e continua sendo mantida até hoje pelas freiras da ordemBrigidina.

Os inúmeros nomes da deusa Brigid originaram-se nos vários lugares do seu culto, assim como suas representações: BreoSaighit, a “Flecha Ardente”celta (o nome que melhor representa o poder da sua chama sagrada), a escocesa Bride, a irlandesa Brigid, Brighd ou Bhrid, a gaélica Brighid (pronuncia-se Breed), a inglesa Brigantia, cultuada nas terras do Norte da Inglaterra e parte da França e Espanha (o seu aspeto de Guerreira, com flecha e cetro, mas também mediadora da paz), Brigandu na Gália, Bridget na Suécia, Briid ou Brede na Ilha de Man, Ffraid no País de Gales e Mary ofthe Gael nos poemas. Tão diversos quanto os nomes são os seus títulos, que descrevem seus atributos: Brigid, a Vitoriosa, Guerreira Imortal, Rainha do Povo das Fadas, Mãe das canções e poesias, Senhora das fontes, Chama do coração das mulheres, Fogo que arde sem deixar cinzas, Mãe da sabedoria, A mais elevada, Deusa da cura com manto verde e cabelos vermelhos.

Brigid foi equiparada a várias deusas: com Juno pela tribo dos Brigantes, com Minerva, Hécate, Héstia, Vesta, Ártemis, Diana, Tanit e Sulis pelos romanos. Existem semelhanças entre o mito de Brigid e os de algumas deusas solares como Lucina, a padroeira romana da luz, a báltica Saule e a nórdica Sunna. Algumas lendas celtas atribuem a Brigid uma dupla apresentação: donzela e anciã, Brigid e Cailleach, primavera e inverno, dualidade semelhante às gregas Perséfone e Deméter. Como umaTuatha de Danaanela era ligada  , o “Povo das Fadas”, sendo a sua rainha; ela usava como emblema um manto verde, um cinto mágico e uma coroa de ouro. Foi ela quem implantou okeening,os lamentos das vigílias irlandesas que pranteavam os mortos. Nas lendas arturianas, Brigid é descrita como a Guardiã da macieira sagrada deTirnan Gog, “a terra das mulheres ou da juventude” e a maga artesã que forjou a espada Excalibur. Ela era descrita como doadora da vida e parteira, poeta e artesã, curadora e guerreira, fada e soberana, maga e profetisa, uma figura mítica e multifacetada, que transita entre realidade e fantasia. O arquétipo complexo e múltiplo de Brigid- a mais cultuada das deusas celtas – também amalgamou vários aspectos das antigas deusas irlandesas comoBoann, Danu, Macha, Morrigan. Mas ela é uma divindade tão intensamente relacionada com a sacralidade feminina, que a nenhum homem era permitido ultrapassar a cerca ao redor do seu santuário.

Deusa soberana e provedora da terra, guardiã do fogo celeste e telúrico, regente das fontes e ervas curativas, ficou mais conhecida como uma “Deusa Tríplice”, regente das artes (poesia, canto, artesanato, tecelagem, metalurgia, joalheria), da cura, fertilidade, purificação e renovação pela água (pelas fontes e os mistérios das ervas), da magia, oráculos e profecia. Como “Senhora do Fogo Tríplice” ela regia a inspiração (sendo a Musa), a forja (padroeira da metalurgia e das artes marciais), a tocha e a lareira (protetora das casas, das mulheres, famílias e dos viajantes). Nas imagens, Brigid aparece como uma jovem com cabelos ruivos, segurando uma chama, junto de seus animais totêmicos (vaca branca com orelhas vermelhas, cisne, peixe, ovelha, javali ou serpente) ou perto de uma fonte. Outra apresentação é como uma tríade de deusas, cada uma segurando o símbolo dos seus dons (tocha ou chama, ferramentas, cálice cercado com serpentes entrelaçadas ou ervas curativas).

Brigid era honrada como “Senhora dos Bardos” pelos seus dons de inspiração, criatividade, encantamento, fluidez e graça. Para os antigos celtas o fogo era a fonte da inspiração, a iluminação divina procurada pelos poetas, bardos e magos. As suas criações – poemas, canções, histórias, lendas - eram compartilhadas com os demais ao redor de fogueiras, para assim lembrar e honrar os antigos caminhos, mantendo viva a memória da tribo e a reverência dos ancestrais. No fim do inverno, a família ou o clã se reunia próximo ao fogo ou à lareira (buscando o aconchego da chama de Brigid, deusa mãe e protetora do lar), quando o músico, poeta ou o contador de histórias reanimava as pessoas enfraquecidas pelo frio com canções, poemas, relatos e sagas de heróis. Por serem faladas e não escritas, estas histórias eram transitórias na sua natureza e assim como o fogo, não podiam ser dominadas por aqueles que não tinham preparo; o uso das palavras exigia reverênciae competência, habilidades além do alcance dos não iniciados. Por isso Brigid foi associada com as propriedades etéreas de todos os tipos de fogo (Imbas) - da forja, da lareira e fogueira, do sol, da transmutação, da cura e do sopro mágico. O fogo era visto pelos celtas como uma energia espiritual latente em todas as coisas e inerente a certos processos cognitivos do intelecto humano, bem como a alguns estados emocionais como paixão, caridade, amor, etc.

A inspiração e a poesia eram associadas pelos celtastambém com a água, outro domínio de Brigid, reverenciada como “Senhora das fontes sagradas”, que uniam simbolicamente o mundo subterrâneo, mediano e o superior, por nascerem na escuridão da terra, fluírem para a superfície e refletirem a luz do céu. Da mesma forma, as ideias e visões ocultas do subconsciente podiam ser reveladas pela inspiração e intuição, energias sutis que fluíam livremente para a mente consciente e racional.

Uma composição de personagens dos mitos irlandeses e galeses deu origem àSanta, cujo principal título era ”Brigid, a santa do manto verde e cabelos de ouro (ou fogo)”,traços marcantes das imagens da Deusa. Ela supostamente nasceu entre 439-452 e morreu entre 518-525 da nossa era,sendo filha de um druida e uma escrava pagã. Seu nascimento foi cercado de fenômenos estranhos (a presença de dois sois no céu) e aconteceu quando sua mãe passava pela soleira da casa, trazendo a ideia dos limiares e fronteiras, considerados lugares sagrados para os celtas. Os que presenciaram o nascimento deste bebê de mística beleza puderam relatar que da sua cabeça surgiam chamas de cor vibrante, como se fosse uma coroa de raios solares.

Alguns dias depois, os vizinhos alarmados viram labaredas saindo da casa em que os pais de Brigid moravam; mas chegando lá, encontraram a menina dormindo tranquila no seu berço e sem nenhuma marca do fogo. Enquanto criança, Brigid recusava qualquer tipo de comida além do leite de uma vaca branca com orelhas vermelhas (cores atribuídas aos animais do “povo das fadas”).

Quando jovem ela era uma moça generosa, doando seus pertences e comida aos pobres, sem se interessar em namorar ou casar, almejando apenas a vida religiosa. Era amiga e seguidora dos ensinamentos de São Patrício (o missionário que cristianizou Irlanda). Quando o seu pai permitiu que se dedicasse à vida monástica, foi consagrada diretamente como abadessa em lugar de ser ordenada como simples freira, devido a uma falha inexplicável do oficiante, que recitou o juramento errado (sendo vista nesta hora uma coroa de chamas cercando a cabeça de Brigid).

Brigid se empenhou em criar uma comunidade de mulheres, junto com outras dezenove noviças em Cill Dara, “a igreja de carvalho” (atual Kildare), na Irlanda, que foi crescendo até se transformar em um grande mosteiro, o primeiro centro irlandês de estudos e artes, que incluía trabalhos com metais e ilustração dos manuscritos antigos. Lá, as mulheres dos arredores aprendiam como cuidar de pobres e doentes, auxiliar as gestantes e parturientes, curar com ervas e a energiadas mãos, fiar, tecer, bordar, abençoar, fazer encantamentos e predições. A vida de Brigid foi repleta de milagres como: a cura de doenças com o toque das suas mãos, a multiplicação da comida (leite, manteiga, grãos, cerveja), o encontro de animais extraviados e a descoberta dos ladrões; o mais famoso fato mágico foi quando pendurou seu manto molhado sobre um raio de sol. Quando Brigid foi pedir mais terra para sua comunidade ao rei, ele lhe concedeu uma área que o seu manto pudesse cobrir. Brigid tirou seu manto e quando o estendeu, ele cobriu uma enorme área ao redor, que lhe foi depois concedida pelo rei, impressionado com este milagre. Como ferrenha defensora das mulheres, Brigid educava as jovens para seguirem uma profissão, libertava escravas, incentivava esposas maltratadas para pedirem divórcio, auxiliava nos partos ou abortos. Todos estes atos de poder reproduziam os atributos da Deusa: fertilidade, abundância, cura, comunicação com animais, auxílio permanente dado às mulheres e parturientes, aos pobres e doentes

Após a sua morte, o fogo do seu templo continuou aceso, guardado cada dia por uma das dezenove sacerdotisas ou freiras da sua ordem; na vigésima noite era a própria Brigid que o cuidava. O fogo requeria muita lenha, porém as cinzas dele não aumentavam jamais. A preservação da chama sagrada de Brigid foi mantida pelas freiras até que o seu culto foi proibido mil anos depois. Ela foi enterrada num caixão de ouro e prata em Kildare, mas depois, devido aos saques das incursões Vikings, seus ossos foram levados para o túmulo do Santo Patrício, porém desapareceram algum tempo depois. Algumas das suas relíquias ainda existem em igrejas e museus como seu manto verde na Bélgica, seus sapatos no museu de Dublin e outros objetos em lugares mais distantes, que a santa viva jamais percorreu. Santa Brigid é padroeira da Irlanda (junto com São Patrício), das ordens das freiras irlandesas e de Nova Zelândia. Mesmo como santa, ela continua sendo - assim como a deusa - protetora dos agricultores, fazendeiros e criadores de gado, ferreiros, curandeiras e parteiras, crianças e mulheres, poetas, artistas e escritores (que começavam seus escritos com a frase gaélica Adjuva Brigitta, “ajude Brigid”).

O Sabbat Imbolc da Roda do Ano celta se originou de um antigo ritual de bênção da terra (honrada como ”o ventre da deusa”), feito na chegada da primavera, antes do campo ser semeado, para propiciar fertilidade e proteção. Grãos e espigas da colheita anterior eram usados como oferendas nesta celebração e depois de abençoados com água de uma fonte sagrada, eram misturados com as sementes destinadas ao próximo plantio. Imagens de Brigid eram levadas em procissão para abençoar os campos e atrair a fertilidade, costume preservado mesmo após a cristianização e perpetuado até hoje pelos padres cristãos. Atualmente inúmeros peregrinos buscam as bênçãos de Brigid nos seus lugares sagrados como: Kildare (onde ainda existe sua antiga fonte, a catedral e uma nova igreja), Faughart (o lugar onde ela nasceu e onde vários locais são a ela associados), ambos na Irlanda e as Ilhas Hébridas (cujo nome é associado à Deusa).

 Glastonbury- na Inglaterra - é um lugar sagrado muito ligado ao arquétipo de Brigid, a forma do seu relevo topográfico parece um cisne (animal sagrado da Deusa), enquanto apequena colina deBride’sMounte a gravura da Deusa (ao lado da sua vaca) sobre o portal da igreja na colina do Tor lembram a estadia da Santa durante algum tempo na cidade. Na fonte sacra de Chalice Well sacerdotisas do GoddessTemple realizam rituais e bênçãos no Sabbat Imbolc. Existem inúmeras fontes (chamadasTobarBrighde e Clootie Wells)na Irlanda, Escócia, Grã-Bretanha, onde colares, rosários, tranças de fitas, cruzes de palha e pedaços de roupas dos doentes amarrados nas árvores ao redor, comprovam a continuidade do culto de Brigid, como Deusa e Santa, até hoje.

Antigamente, as mulheres abriam as portas e janelas das casas pedindo para que Brigid entrasse e as abençoasse, após agradecer à Deusa pela ajuda recebida, deve-se abençoar-se com água, riscando o símbolo sagrado de triskelion sobre si mesma. Uma antiga tradição irlandesa recomenda deixar um pedaço de pano de algodão (branco ou verde) perto da sua imagem no dia dedicado à celebração do Sabbat Imbolc(primeiro de fevereiro) pedindo à deusa para impregnar o pano com suas energias curadores. Guarda-se depois o pano envolvido em papel de seda para usá-lo quando precisar, colocando-o sobre a parte doente do corpo.

Um símbolo tradicional de Brigid pode ser confeccionado com palha seca ou espigas de trigo em forma de triskelion ou cruz de Brigid (CrosBhrid), um antigo costume irlandês recomenda confeccionar uma figura feminina de palha para representar a BhridDoll. Esta boneca, feita tradicionalmente com as últimas espigas (de trigo ou aveia) colhidas, era colocada perto da lareira na véspera de Imbolc, em uma cama de palha ou lã de ovelhas, junto com um bastão enfeitado com fitas, tudo cercado por velas acesas. Convidava-se assim a presença da Deusa para abençoar a casa e seus moradores. Antigamente esta boneca era depois enterrada junto com as sementes durante o plantio, mas atualmente, em Glastonbury, as mulheres que reverenciam e celebram Brigid guardam as bonecas por elas confeccionadas (Bride Doll)noGoddessTempledepois de abençoá-las na fonte sagrada deChaliceWell.A fileira deBride Dollmostra as diversas representaçõesda inspiração e sabedoria femininas.

 

Brigid, deusa vitoriosa da luz,

Cubra-me com teu manto sagrado,

Vigie-me sempre com teus olhos,

Proteja-me com teu cajado,

De manhã e até anoitecer,

Por onde eu andar ou estiver,

De dia ou de noite, que eu seja sempre protegida,

Honrada, acolhida e favorecida,

Brigid, Deusa poderosa e protetora,

Fique ao meu lado e seja a minha companheira,Minha conselheira, guardiã e defensora!

A Naoimh Bhrid Gui Orainn

 

(pronuncia-se:A Nem Brid Gui Orin que significa“Santa Brigid ore por mim)

 

 

A sua representação como Santa tem elementos reais e míticos, alguns historiadores negam a sua real existência, mas foi através dela que a Igreja cristã celta permitiu a perpetuação - de maneira velada e modificada– do culto da deusa Brigid, que, por não poder ser erradicado, foi readaptado pela igreja e transformado para a reverência atual da Santa. Na Irlanda, 1500 anos depois da morte de Brigid, sua memória permanece viva nos corações dos seus fiéis e seus símbolos continuam sendo confeccionados e usados, mesmo que nem todos os que os confeccionam e usam conheçam seu significado sagrado. Tendo feito a transição da condição de Deusa para Santa, preservando o nome, os símbolos e costumes antigos, a figura de Brigid representa uma ponte (bridgeem inglês) entre paganismo e cristianismo, continuando como guardiã da sacralidade feminina.


Michael, Arthur e o Graal

Retirado de: Rudolf Steiner, Torquay, 21 de Agostode 1924 (vol. VIII da coleção KarmicRelationships)

 

... E nos dias do Rei Arthur e aqueles à sua volta, condições especiais também eram requeridas para que a espiritualidade tão maravilhosamente revelada e nascida pelo movimento do mar nos rochedos pudesse fluir para suas tarefas e missão.

Este inter-relacionamento entre o ar transpenetrado pela luz do sol e as ondas espumantes se mantém ainda hoje. Sobre o mar e as rochas deste lugar, a natureza ainda transborda de espírito. Mas apoderar-se das forças espirituais atuantes na natureza estaria além das possibilidades de um único indivíduo. Um grupo era necessário, um grupo cujo membro que se sentisse representante do sol deveria estar no centro, e cujos doze companheiros eram treinados de sorte que no temperamento, disposição e maneira de agir, todos juntos formassem um todo duodécuplo: doze indivíduos reunidos como as constelações zodiacais agrupadas ao redor do sol. Tal era a Távola Redonda: o Rei Arthur ao centro, circundado pelos doze, sendo que acima de cada um deles um símbolo zodiacal estava disposto, indicando a qualidade particular da influência cósmica com a qual estava associado. Forças civilizatórias partiram deste lugar para a Europa. Foi aqui que o Rei Arthur e seus doze Cavaleiros extraíram do Sol para dentro de suas almas as forças para apresentar em suas poderosas expedições através da Europa em batalhas contra os poderes selvagens e demoníacos que ainda dominavam grandes massas da população, expulsando-os dos seres humanos. Sob a direçãodo Rei Arthur estes Doze batalhavam pela civilização exterior.

Para compreender o que os doze sentiam acerca de si mesmos e sua missão, devemos lembrar que naqueles tempos as pessoas não se reconheciam como portadoras de uma inteligência pessoal própria. Elas não diziam: “Eu formo meus pensamentos; meus pensamentos estão preenchidos com minha própria inteligência”. As pessoas experimentavam a inteligência como revelação, e buscavam esta revelação mediante a formação de grupos como o que acabei de descrever – um grupo de doze ou treze. Ali eles assimilavam a Inteligência que lhes possibilitava dar direção e definição aos impulsos necessários à civilização. E este grupo também sentia que realizava seus feitos a serviço do poder conhecido na terminologia hebraico-cristã como Michael. Toda a configuração do castelo de Tintagel indica que os doze sob a direção de Arthur eram essencialmente uma comunidade Michaélica, pertencendo à era em que Michael ainda regia a Inteligência Cósmica.

Esta foi a comunidade que verdadeiramente, por mais tempo que qualquer outra, trabalhou para assegurar que Michael mantivesse seu domínio sobre a Inteligência Cósmica. Nas ruínas do castelo do Rei Arthur hoje, a crônica do Akasha ainda preserva as imagens das pedras caindo daqueles que haviam sido tão poderosos portais, e estas pedras caindo tornamse uma imagem para a queda da Inteligência Cósmica, retirando-se das mãos de Michael para as mentes e corações dos seres humanos.

Num outro lugar, esta corrente Arturiana-Michaélica tem seu contraste polar na corrente do Graal, da qual nos fala a lenda de Parsival. Esta outra corrente veio à existência em um lugar onde uma forma mais íntima de Cristianismo buscara refúgio. Na corrente do

Graal também, nós temos Doze ao redor de Um, mas neste caso, considera-se que a Inteligência – os pensamentos preenchidos pela Inteligência – já não fluem como revelação do Céu para a Terra. O que agora flui descendentemente, quando comparado aos pensamentos terrenos, se parece com o puro tolo, Parsival. Assim, a corrente do Graal entende que a Inteligência deve agora ser buscada dentro da esfera terrena apenas.

Lá ao norte, fica o Castelo de Arthur, onde os seres humanos ainda se votam à Inteligência Cósmica, esforçando-se para imprimir a Inteligência pertencente ao Universo na civilização terrena. E mais ao sul, encontra-se o outro castelo, o Castelo do Graal, no qual a Inteligência já não é absorvida do Céu, onde se compreende que o que é sabedoria ante a humanidade é tolice diante de Deus e o que é sabedoriadiante de Deus é tolice perante os homens. O impulso procedente deste outro castelo ao sul, busca penetrar a Inteligência que já não é Inteligência Cósmica.

E assim, em tempos antigos e prosseguindo para a era em que o Mistério do Golgotha ocorreu na Ásia, encontramos na corrente de Arthur um esforço intenso para assegurar o domínio Michaélico sobre a Inteligência, enquanto na corrente do Graal, que emergiu da Espanha, encontramos um esforço que leva em conta o fato de que a Inteligência deve no futuro serencontrada na Terra, uma vez que já não flui do Céu. A importância do que acabei de descrever-lhes transparece em toda a lenda do Graal.

O estudo destas duas correntes traz à luz a grande questão surgida da situação histórica daquele tempo. Os seres humanos são confrontados com as conseqüências– os pós-efeitos – de ambos os princípios: o Arturiano e o do Graal. A questão é: Como é que o próprio Michael, não um ser humano como Parsival, mas o próprio Michael, pode encontrar o caminho que leva dos cavaleiros de Arthur que procuram assegurar-lhe a soberania cósmica, para os cavaleiros do Graal, que intentam preparar o caminho para Ele nos corações e almas humanos a fim de que Ele possa desse modo retomar a Inteligência? Aqui o grande problema de nossa era toma forma: Como pode a nova era de Michael produzir um entendimento mais profundo do Cristianismo? De forma arrebatadora esta questão nos confronta, marcada pelo contraste entre os dois castelos: aquele do qual as ruínas podem ser vistas ainda hoje em Tintagel, e o outro castelo que não será facilmente visto por olhos humanos, uma vez que no reino espiritual ele está envolto como que por uma floresta sem trilha, com sessenta léguas de cada lado.

Entre estes dois castelos paira a grande questão: Como pode Michael tornar-se o doador do impulso que conduzirá a uma compreensão mais profunda das verdades do Cristianismo?

Ora, não seria correto dizer que os cavaleiros do Rei Arthur não lutavam por Cristo e pelo verdadeiro impulso Crístico. Simplesmente acontece que eles traziam em si um impulso para buscar o Cristo no Sol e não abandonariam sua convicção de que o Sol era a fonte do Cristianismo. Daí seu sentimento de estarem trazendo o Céu para a Terra,de que as batalhas de Michael eram travadas por Cristo que atua desde os raios do Sol. Mas na corrente do Graal, o impulso Crístico é expresso de forma diferente.Ali as pessoas tomam consciência de que o impulso Crístico, tendo descido à Terra, deve daíem diante ser levado a efeito por meio dos corações humanos. Pois elas estavam convencidas de que a Essência espiritual do Sol se unira à evolução terrestre...

...Porém era ainda muito cedo para que isto se realizasse no mundo físico. Assim uma grande e poderosa Escola suprassensível foi instituída sob a direção de Michael, abarcando todas aquelas almas em quem os impulsos do paganismo ainda ecoavam, mas não obstante ansiavam pelo Cristianismo, e aquelas almas que haviam vivido na Terra durante osprimeiros séculos da cristandade e que traziam consigo em seu íntimo o cristianismo na forma que ele assumira então.Uma legião de seres michaélicos reuniu-se em reinos suprassensíveis recebendo no mundo espiritual os ensinamentosque haviam sido transmitidos pelos mestres Michaelitas no tempo de Alexandre, o grande, no tempo da tradição do Graal e que também se fizeram sentir nos impulsos que emanaram da Távola Redonda do Rei Arthur.

As almas cristãs de todo tipo e qualidade sentiram-se atraídas por esta comunidade Michaélica em que, de um lado, profundos ensinamentos eram transmitidos acerca dos antigos mistérios e dos impulsos atuantes em outros temposenquanto, de outro lado, uma visão do futuro era-lhes descortinada – quando, no último terço do século XIX Michael novamente atuaria como Espírito da época e quando todos os ensinamentos dados em sua Escola Celeste sob sua própria condução deveriam ser levados para a Terra.

Se vocês procurarem as almas que se reuniram em torno desta Escola de Michael naquele tempo, preparando-se para um período posterior quando se encarnariam, vocês as encontrarão entre elas muitos dos que agora sentem um impulso para se vincular ao movimento Antroposófico. O carma guiou estas almas. Na vida entre a morte e um novo nascimento eles se juntaram em torno do Ser de Michael preparando-se para levar à Terra uma vez mais um Cristianismo Cósmico.

O carma de muitas almas que se ligam à Antroposofia com real sinceridade está conectado com estes antecedentes e condições preliminares. É isto que faz do Movimento Antroposófico um verdadeiro movimento Michaélico, um movimento predestinado a levar o Cristianismo a uma renovação. Isto jaz no carma do Movimento Antroposófico. Isto está também no carma de muitos indivíduos que vêm com sinceridade a este movimento. Levar ao mundo o impulso de Michael que pode desta forma ser configurado em sua concreta realidade, e que é anunciado como um sinal na Terra hoje, e também se expressa no maravilhoso intercurso das forças da natureza nas imediações das ruínasdo Castelo de Arthur – esta é a tarefa do Movimento Antroposófico num sentido muito especial. Pois, ao longo dos séculos, o impulso de Michael deve encontrar seu caminho para o mundo dos seres humanos, se não quisermos que a civilização pereça na Terra.

                              


Biografias de Santa Brígida

Provavelmente a mais antiga vida de Santa Brígida (Brighid ou Brigit em irlandês antigo) seja a escrita por São BroccanCloen, que faleceu em 17 de setembro de 650. Ela é escrita em versos.

No século VIII, um monge de Kildare, Cogitosus, reescreveu a vida de Santa Brígida este trabalho é conhecido como a "Segunda Vida", a mais interessante informação do trabalho de Cogitosus seja a descrição da Catedral de Kildare em seu tempo. Os biógrafos são unânimes em dizer que ela era filha de Brocca, uma escrava da corte de seu pai Dubtbach, um rei irlandês de Leinster. Brocca fora batizada por São Patrício, o Apóstolo da Irlanda. Brígida, que nasceu em 452 (ou 453), próximo de Dundalk, Louth, tinha ouvido ainda criança as pregações de São Patrício e nunca as esqueceu.

Recusando muitos pedidos de casamento, ela resolveu se tornar monja e recebeu de São Macaille o véu de consagração. Ela se estabeleceu por algum tempo nas faldas do Monte Croghan com sete outras virgens, mas mudou-se para DruinCriadh, nas planícies de Magh Life, onde, sob um enorme carvalho, fez erigir o seu famoso Convento de Ciull-Dara, isto é, 'a igreja do carvalho'. Embora Santa Brígida tivesse recebido o véu de São Macaille, é provável que ela tenha professado com São Mel de Ardagh, discípulo de São Patrício, que também conferiu a ela os poderes de abadessa. Isto ocorreu por volta do ano 468.

O convento de Santa Brígida em Ciull-Dara tornou-se centro de religiosidade e aprendizado, e desenvolveu-se na importante cidade e diocese de Kildare. Ela fundou dois conventos - um para homens e outro para mulheres -, e designou São Conleth como diretor espiritual deles.

Afirma-se que Santa Brígida deu jurisdição canônica a São Conleth, Bispo de Kildare, mas, como afirma o Arcebispo Healy, ela simplesmente "selecionou a pessoa a quem a Igreja deu tal jurisdição". E seu biógrafo informa-nos que ela escolheu São Conleth "para governar a Igreja junto com ela". Como resultado, durante séculos Kildare foi dirigida por uma dupla linhagem de bispos abades e de abadessas, e a abadessa de Kildare era tida como a superiora geral dos conventos da Irlanda. Santa Brígida fundou também uma escola de artes presidida por São Conleth, em que se executavam trabalhos em metal e iluminuras. Kildare foi o berço do "Livro dos Evangelhos", ou o "Livro de Kildare", que foi comentado por GiraldusCambrensis. Infelizmente esta preciosidade desapareceu durante a Pseudo-Reforma Protestante.  Santa Brígida morreu deixando uma diocese e uma escola que se tornaram famosas em toda a Europa. Em sua honra São Ultan escreveu um hino que começa assim:   “Na nossa ilha de Hibernia, Cristo tornou-se conhecido através dos grandes milagres que Ele realizou por meio da feliz virgem de vida celestial, famosa por seus méritos no mundo inteiro”.

Santa Brígida foi assistida por São Ninnidh em sua morte, que ocorreu em 1° de fevereiro de 525, em Kildare. Ela foi enterrada à direita do altar principal da Catedral de Kildare. Durante anos seu túmulo foi objeto da veneração dos peregrinos, especialmente no dia de sua festa, 1° de fevereiro. Por volta do ano 878, as relíquias de Santa Brígida foram levadas para Downpatrick, onde foram enterradas junto às de São Patrício e São Columba.

As relíquias dos três santos foram descobertas em 1185, e em 9 de junho do ano seguinte foram transladadas solenemente para a Catedral de Downpatrick.

A amizade de Santa Brígida com São Patrício é atestada pelo seguinte parágrafo do "Livro de Armagh", um precioso manuscrito do século VIII, cuja autenticidade é fora de questão:

 

"Entre São Patrício e Santa Brígida, as colunas da Irlanda, havia tão grande amizade baseada na caridade, que eles tinham um só coração e uma só cogitação. Por meio dele e dela Cristo realizou muitos milagres". 


História do Rei Arthur

A história clássica do ciclo arturiano, segundo Howard Heid, em seu livro “Arthur the

Dragon King” nos remonta a um período em torno do século V e VI d.C, no qual o Rei UtherPendragon, estava construindo um castelo na região da Cornuália Britânica, e todos as pedras colocadas durante o dia, rolavam misteriosamente a noite. Os magos da corte foram consultados e indicaram a necessidade de sacrificar um jovem menino druida, e com seu sangue, aspergir as paredes do castelo. A criança se chamava Merlin, e escapou da morte graças a um conselho de sua própria autoria,que orientou escavar uma gruta profunda, onde hibernavam dois dragões, o dragão branco, representando os saxões e o dragão vermelho, representando os britânicos, e sobre essa gruta fundar os alicerces do Castelo. Merlin foi adotado por UtherPendragon e passou a ser seu conselheiro emago.

UtherPendragon apaixonou-se pelaesposa do Duque da Cornuália, e pediu a Merlin, que através de magia, o fizesse ter uma noite com a duquesa, assumindo a personalidade física do Duque. Merlin prometeu ajudá-lo, mas exigiu que o filho proveniente dessa união lhe fosse dado logo após o nascimento, para que o mago pudesse criá-lo. Uther então, certa noite, adentrou o Castelo de Tintagel, e enganando a pobre moça, teve uma noite de amor com ela. Enquanto isso, o duque era morto em batalha. Certo tempo após, a duquesa descobriu-se grávida, ea armação perpetrada por Uther, mas perdoou-o e aceitou casar-se com ele. Tão logo Arthur nascia, Merlin já se apoderou da criança para consagrá-lo a ordem Druida e administrá-lo seus conhecimentos.

O jovem Arthur foicriado por Merlin, nas florestas da Bretanha e da Grã-Bretanha, mas sempre desconhecendo de sua linhagem real. Aprimorou-se nas artes da cavalaria e das batalhas, quando foi convidado a corte real para prestar condolências ao Rei Uther, morto sem deixar herdeiros conhecidos. Merlin, então, realizou a famosa cena, em que fincou uma espada numa rocha, e por poderes mágicos, declarou que aquele que conseguisse desencravála da rocha seria considerado rei por direito. O jovem Arthur obteve sucesso na empreitada, foi declarado rei e passou os primeiros períodos de seu jovem reinado combatendo rebeliões com sua Excalibur. Fez seu reinado na localização de Camelot, e criou a famosa Távola redonda, onde todos os cavaleiros sentavam-se olhando uns para os outros, sem hierarquias e ou posições privilegiadas. O rei Arthur casou-se com Guinevere, (rainha da terra do verão, que alguns atribuem a região da Cornuália) e deu início a era de ouro de seu reinado. Após a batalha no Monte Badon (localizado na cidade de Bath), Arthur consegue expulsar os invasores saxões de sua ilha.     Poucos anos depois conhece o cavaleiro Lancelot, que era bretão, e também possuía uma espada mágica, dada pela dama do Lago, a mesma que consagrou Excalibur para Arthur. O rei acolhe Lancelot emseu castelo e junto aos cavaleiros da Távola Redonda, mas sem saber que ali iniciaria a decadência de seu reino, com a paixão proibida entre Lancelot e a rainha Guinevere.


Parsifal e o Caminho do Graal – O Papel do Pensamento e do Sentimento na Meditação

Palestra proferida por Bodo von Plato no II Fórum de Meditação na Sociedade Antroposófica em 31/08/2013

 

Na lenda do Graal existe um primeiro momento onde Parsifal se encontra com o rei ferido. Ele estava em busca do espírito e, com a educação mais nobre que possuía, encontra um ser humano ferido. Essa educação toda vale para o espírito através do mundo, mas perante o rei ferido, não vale mais nada. O rei Amfortas é a imagem do ser humano em si que se feriu. Qual seu sofrimento? Parsifal não sabia e não perguntou.

Com o conhecimento da humanidade até aquele ponto, não havia como perguntar sobre a ferida da relação entre o corpo e o espírito, entre a corporalidade e a espiritualidade. Apenas a alma é capaz de curar esse ferimento, e essa alma só pode atuar em conjunto com outra alma. O Graal não era capaz de curar essa ferida espiritualmente incurável, mas, através da pergunta da alma que se comove, a cura se torna possível. Se torna possível mediante a compaixão e o encontro das almas, da conexão das almas através da pergunta.

Há mais ou menos 100 anos houve um acontecimento na Europa que teve um impacto importante para todo o século XX, fato este sem o qual o século XXI não teria encontrado a si mesmo. A identidade do século XX se define neste momento, entre 1912 e 1915. Isso a que me refiro foi a publicação da obra mais importante de Franz Kafka “A Metamorfose”.

Ela retrata a estória de um ser humano que acorda pela manhã com a consciência de si mesmo, mas o seu corpo não é mais humano e sim o corpo de um inseto, uma espécie de besouro, um escaravelho. O ser humano que perde a sua aparência humana, não é mais considerado humano. Mas essa estória revela que não somos humanospela nossa aparência, mas sim na medida em que somos reconhecidos como humanos por outros seres humanos. Ela revela como somos dependentes da percepção dos outros.

Antigamente dependíamos apenas de Deus e da natureza, mas a partir de Kafka nos é mostrado ao raiar de uma nova era onde não dependemos só de Deus e da natureza, mas de outro ser humano.

Quanto mais as pessoas ficam inteligentes mais se criticam, e seria bem mais interessante se os homens deixassem valer a diversidade da diferença. A tolerância deveria ser uma atitude passageira e o que deveria se colocar no lugar dela é o reconhecimento – apenas ele torna o ser humano, humano. Os sentimentos que são evocados quando somos reconhecidos e compreendidos nos dá a medida de que seres humanos precisam de seres humanos.

Todos nós, de uma certa maneira, somos especialistas em sermos seres humanos, mas isso não basta, ainda que vemos como algumas pessoas se tornam os modelos de humanos para nós, como, por exemplo, Nelson Mandela, Gandhi, Martin Luther King. São pessoas que conseguem viver suas vidas para além do limite do particular, e com isso ajudam outros a descobrir e reforçar o humano em nós. Será que podemos defini-los como especialistas enquanto seres humanos? Acho que é mais o contrário disso, eles conseguiram enxergar não o específico, mas o que vive no ser humano como humano. E Meditação é esse humano se revelando em cada ser humano.

Antigamente a meditação era um caminho que possibilitava a conexão com uma realidade espiritual, mas agora, é um caminho para que o ser humano possa reconhecer o humano em outro ser humano para além de todas as ideologias e de tudo o que é religioso. O tornar-se humano no ser humano é o caminho da Meditação e em seu centro se encontra o tornar-se um ser humano que, por disposição, já se é.

O ser humano se encontra em um limiar existencial, mas no exato momento em que começa a se perguntar “quem sou eu enquanto ser humano? ”, começa um novo destino. Até então, valeu um destino que o conduziu, mas a partir de agora o que valerá é até onde pode carregar o seu próprio destino. A partir da pergunta “Quem sou eu? ”, se o ser humano não age, principia um processo de desumanização. Os genocídios por convicções religiosas demonstram isso. A humanidade conheceu excessos de desumanização no século XX, a estória do Kafka é o que ela vivenciou até então.

O que será que o ser humano precisa quando começa a carregar seu próprio destino? O que ele precisa quando se faz a pergunta “ Homem, reconheça a si mesmo?”. A partir do momento que não se é mais carregado pelo destino, e sim que o carrega, o homem percebe que não consegue fazer isso sozinho, toda a educação não o ajuda nisso, ele precisa de outros seres humanos que o queiram enxergar, que o reconheçam. E para que se torne uno o ato de ser reconhecido, para que um e outro se torne um, é necessária uma nova unidade criativa, a união do sacerdote e do ferreiro. E isso se torna o centro de experiência Crística.

No Evangelho de João cap. V isso é descrito quando o Cristo diz que seus discípulos não são mais seus serviçais, mas se tornaram seus amigos. Esse é o momento de nascimento de uma nova união de seres humanos.

Gostaria de abordar agora algumas qualidades fundamentais que são experiências que gostariam de se tornar valores, em outras palavras, trazer o esboço de um novo ensinamento das virtudes, qualidades do humano universal que só são possíveis de experienciar na relação com seres humanos. Isso não dá para ser deduzido de forma apenas filosófica, é preciso terse a experiência humanacompartilhada na própria vida, e ela tem que ser recíproca.

São sete (7) experiências/qualidades que podem se tornar virtudes:

1)      Respeito perante a solidão

O  homem moderno autoconscienteé solitário, ele tem esta espécie de saudade de se inteirar com a solidão, o Eu é solitário, a amizade não serve para superá-la, mas sim para se tornar guardiã da solidão do outro.

2)      O outro sempre permanecerá um enigma

Quanto mais eu compreendo e reconheçoo outro, mais ele se torna enigmático, é a consciência de si mesmo a partir da alteridade, o si próprio se reconhece a si mesmo, mas o autoconsciente sempre vai ser permeado pelo estranho, não existe caminho de volta para o paraíso, o estranho é o que é verdadeiramente familiar.

3)      A evidência

Esta qualidade tem um papel importante na amizade, o amigo não precisa se explicar ao amigo, este se torna visível e evidente, o que se reconhece não precisa de explicação; nesse ponto, a amizade vai além do mero reconhecimento, ela nos torna capazes de reconhecer mais o outro do que a nós mesmos. Essa evidencia é o testemunho do humano no outro e a partir daí começa o seguinte processo: o outro carrega comigo o meu destino e isso é o que transforma a minha vida.

4)      A capacidade de se deixar impressionar

Todas as qualidades anteriores são uma preparação para esta que é a mais difícil, pois ela é trazida de fora, ela pode acontecer ou não; o decisivo é a pessoa que fala algo que nos impressiona. Quando prestamos atenção àquilo que nos move, isso gera alguma impressão em nós, e pode nem sempre ser algo agradável.

Esse quarto ponto é onde a simpatia e a antipatia se tornam mensageiros para alguma coisa que vai muito além.

5)      Amar as contradições

Essa é uma qualidade totalmente nova, seria muito idealista negar as contradições. Porque será que a cultura dos poetas e dos músicos se tornou atuante nos genocídios e destruições? Porque compasso e Mozart não se excluem de maneira nenhuma. O supremo bem e o supremo mal pertencem um ao outro. Quem acha que só se dirige ao bem, se dirige à uma ilusão. Se aceitamos a contradição como fato dado, deixamos de aplicar uma ética normativa, e passamos a nos aproximar de uma postura amante e compreensiva dos erros dos outros.

Segundo R. Steiner “Quanto maior a faculdade de consciência no ser humano, maior a sua inclinação para o mal”. Quanto mais consciente de si mesmo, mais o homem tem que aprender a desenvolver o manejo das diferenças, e nisso somos dependentes dos outros seres humanos. Quanto mais consciência, mais contradição, é necessário termos amigos que compreendam isso.

6)      Assimetria nas relações

Toda amizade é assimétrica, não existe justiça nela, senão não seria amizade. Um dá algo para o outro, o outro dá outra coisa, isso é muito diverso; um relacionamento real e verdadeiro entre individualidades é assimétrico.

7)      A verdade se transforma em veracidade

O  antigo ensinamento das virtudes platônicas se transforma, em um ensino moderno, no suscitar do próprio. Eu na face do amigo; a qualidade subjacente é a liberdade que vive no amor ao agir permanente. Permitir viver no amor ao agir, e deixar na compreensão da vontade do outro.Isso é o cerne de uma nova ética, essa ética meditativa que surge na face do outro, esse outro que, através da amizade, se torna para mim o mundo espiritual. Esse mundo espiritual não vive no além, em um lugar distante, mas no ser humano que eu reconheço.

Finalmente, na meditação não existe um ensino linear de causalidade, pois não é porque se medita isso ou aquilo que a coisavai acontecer, mas a meditação é sua própria pré-condição e consequência. O Eu humano é do mesmo jeito. As 7 qualidades são pré-requisito e consequência, e assim, dessa maneira, abandonamos o pensamento causa / efeito.


São Patrício

Na Irlanda(em inglês: Patrick; em latim: Patricius) foi primeiramente um missionário cristão, sendo depois sagrado bispo e Santo padroeiro da Irlanda, juntamente com Santa Brígida de Kildare São Columba. É considerado o Apóstolo da Irlanda.

Nascido na costa oeste da Grã-Bretanha, a pequena localidade galesa de Banwené frequentemente referida como seu lugar de nascimento, embora haja muitas hipóteses sobre este fato. Quando tinha dezesseis anos foi capturado e vendido como escravo para a Irlanda, de onde escapou e retornou à casa de sua família seis anos mais tarde. Iniciou então sua vida religiosa e retornou para a ilha de onde tinha fugido para pregar o Evangelho. Converteu centenas de pessoas, muitas delas se tornaram monges. Para explicar como a Santíssima Trindade era três em um ao mesmo tempo, utilizava o trevo de três folhas e por isso o mesmo tem papel importante na cultura Irlandesa, tornado-se um de seus símbolos. Foi incentivador do sacramento da confissão particular, tal como conhecemos hoje, visto que antes o mesmo era realizado de forma comunitária. Um século mais tarde essa prática se propagou para o restante da Europa.

A crença popular atribui a São Patrício o desaparecimento das cobras da ilha onde fica a Irlanda, sendo a razão de em algumas gravuras do santo ele aparecer esmagando esses animais com seu cajado. Mas algumas evidências científicas sugerem que a Irlanda Pós-Era Glacial não era habitada por serpentes.

 


José de Arimatéia

No Evangelho de Pedro (apócrifo), cuja primeira cópia foi localizada em um vale do Alto Egito em 1886, embora ele seja mencionado pelo Bispo da Antioquia em 180 d.C., José de Arimatéia era amigo íntimo de Pilatos e que a tumba onde foi enterrado Jesus, situa-se numa localidade chamada “O Jardim de José”.

José de Arimatéia era um homem rico e membro proeminente do conselho (Sinédrio), Colégio onde se reuniam os mais altos magistrados do povo judeu, formava a suprema magistratura judaica. Tinha o poder parapronunciar a condenação à morte, que devia, então, ser executada pelo procurador da Judéia. O Sinédrio era composto de 71 membros dividido em três classes: a dos anciões, representantes da aristocracia leiga; os pontífices e os escribas, geralmente do partido dos fariseus. O Sumo Sacerdote era o Presidente. Foi o referido conselho que efetuou a condenação de Jesus.

José tinha muitas qualidades admiráveis. Ele era um homem justo e bom que esperava o reino de Deus. Ele se destacou entre os seus companheirospor crer em Jesus. Ele não permitiu que nomes como “blasfemo”, “samaritano”, “enganador” e “poder de Belzebu”, o dispusesse contra Jesus. Quando o Conselho havia condenado a Jesus entregando-o a Pilatos para a sentença de morte, José “não tinha concordadocom o desígnio e a ação” (Lucas 23:51). Com a morte de Jesus e a necessidade de ter um enterro decente, José “Dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. E, tendose certificado pelo centurião, deu o corpo a José. ” diz Marcos (15:43).

McGarvey fala acerca do ato de coragem de José: “É estranho que aqueles que não tinham medo de ser discípulos tiveram medo de pediro corpo do Senhor, mas aquele que teve medo de ser discípulo não temeu fazê-lo” (The Fourfold Gospel, p.735).

Nicodemos era o Chefe dos judeus, fariseu, também membro do conselho. João em seu relato teve o cuidado de identificar o Nicodemos como aquele que ajudou no enterro de Jesus. Nicodemos, assim como José, tinha muitas excelentes qualidades. Nicodemos bem como José, não havia confessado abertamente a sua fé em Cristo por temer represálias, mantendo esse amor em segredo. Na morte de Cristo, entretanto,corajosamente uniu-se a José no enterro, Nicodemos forneceu os ungüentos e José o túmulo, o enterro de Jesus foi repleto de incenso, de gestos de coragem e de realeza. Realeza de quem veio para servir e de muito suor dos acompanhantes. Eles intercederam pelo corpo, desceram-no da cruz, sepultaram e moveram a pesada pedra do sepulcro.

O sepultamento de Jesus não só obedeceu a ritos profanos bem como religiosos, próprios do judaísmo e do contexto religioso e político daqueles momentos terríveis José de Arimatéia foi quem “oficiou” as exéquias de Jesus, amigo de Nicodemos, discípulo secreto de Jesus de Nazaré.

Segundo alguns historiadores, José era do vilarejo de Ramataim, em grego Arimathaia, de localização incerta. O sentido hebraico da palavra Ramataim designa a altura (ram) dupla (staim), a Dupla Elevação, designando provavelmente uma cidade possuindo dois bairros situados em colinas vizinhas.Após a morte de Jesus, no que pesem as terríveis circunstâncias políticas e humanas implicadas, num lance de ousadia e de quem não deixa intimidar-se, José de Arimatéia vai pessoalmente reclamar junto a Pôncio Pilatos a liberação do Corpo de Jesus para dar-lhe sepultamento e cumprir os ritos de exéquias.  Pilatos permite, não sem antes estar seguro da realidade da morte de Jesus de Nazaré (Mt. 15,44).

Sua situação de “nobre conselheiro”, mencionada por Marcos, indica que José de Arimatéia era um homem suficientemente importante socialmente para ter livre acesso a Pilatos. José de Arimatéia sabia que a tradição judaica era a de sepultar os seus mortos no mesmo dia de sua morte (Jô 11,27). No caso de um enforcado, a Lei exigia esse procedimento (Dt 21,23). Os romanos, pelo contrário, tinham como lei deixar os cadáveres dos crucificados à mercê dos animais selvagens e aves de rapina. Estava-se na preparação do shabat da Páscoa e esse favor pedido a Pilatos por José de Arimatéia, tem também um alcance religioso: tratavase, na liturgia judaica, do shabat da libertação dos hebreus da escravidão, na véspera da Páscoa. Tratava-se de uma festa pagã que se incorporou ao Catolicismo Romano e foi usada como um substituto para as comemorações judaicas da Passagem, dos Pães Ázimos e dos Primeiros Frutos – todas celebradas em três dias consecutivos durante a primeira semana do ano novo judaico.

Normalmente, o clandestino de um partido ou de uma seita, nunca é apreciado, mas o comprometimento público – no mais alto nível - de José de Arimatéia para pôr a salvo o corpo de Jesus, vai torná-lo merecedor de menção elogiosa pelos quatro evangelistas. Ele oferece o mausoléu de sua família, uma sepultura cavada no rochedo do Calvário, bem próximo ao local da crucifixão.  No final do dia, José de Arimatéia ajudado por outro farisiseu, o Nicodemos, desce Jesus da cruz, envolve-o em seus braços e depois na mortalha de linho. Nicodemos e José de Arimatéia buscam observar as práticas rituais prescritas pelos fariseus numa situação limite nessas circunstâncias.

Segundo relato de Marcos, José de Arimatéia é quem compra a mortalha, essa longa peça de linho na qual os judeus tinham o costume de envolver seus mortos. Na oportunidade tinham levado grande quantidade de aromas preciosos: mais de trinta quilos de mirra e aloés (Jo 19,39)! Nesse gesto, Nicodemos vê em Jesus, o messias de Israel.

Finalmente, eles o depositam na sepultura cavada na rocha, onde ninguém ainda havia sido posto (Lc 23,53). Ajudado por muitos homens, possivelmente por amigos fariseus, José de Arimatéia num esforço final rola a pedra circular. Provavelmente ela avança sobre uma canaleta, até a abertura do sepulcro. Imediatamente José de Arimatéia se retira, cansado e suado, junto com seus irmãos fariseus, é shabat.

Robert de Boron conta que os Judeus aborrecidos com o desaparecimento do corpo, por ocasião da ressurreição, prenderam José deArimatéia de modo que ninguém mais o encontrasse, em uma cela sem janelas onde todos os dias uma pomba se materializava deixando-lhe uma hóstia, seu único alimento durante todo tempo do seu cárcere, graças a isso sobreviveu.

Uma das lendas informa que Cristo lhe apareceu na prisão, Arimatéia confessa seu amor, mas que jamais tinha ousado falar com Ele e pede desculpas por estar sempre na companhia dos que desejavam sua morte. Jesus o consola dizendo:

“Deixei que ficaste com eles por saber que irias me prestar grandes serviços, ajudando-me onde meus discípulos não ousariam. E tu fizeste por compaixão. Tu me amaste secretamente como também eu a ti, e nosso amor se revelará a todos para prejuízo dos infiéis, porque tu terás sob tua guarda o sinal da minha morte, hei-lo aqui”. Jesus então mostra o Graal. A que tudo indica, José de Arimatéia está bastante ligado não só com a vida de Cristo como também com o Santo Graal.

José esconde a taça que Jesus usou na Última Ceia, a mesma que ele próprio usou para recolher o sangue de Cristo antes de colocá-lo na tumba.  Ao ser libertado, viaja para a Inglaterra com um grupo de seguidores e funda a Segunda Mesa da Última Ceia, ao redor da qual sentam doze pessoas (conforme a Távola Redonda).No lugar de Cristo é colocado um peixe. O assento de Judas Iscariotes fica vazio e quando alguém tenta ocupá-lo é “devorado pelo lugar” de forma misteriosa. A partir desse momento esse assento é conhecido como a Cadeira Perigosa (mesmo nome do assento da Távola Redonda que também ficava vazio e só poderia ser ocupado pelo “cavaleiro mais virtuoso do mundo”).

Em algumas versões, é o assento de Lancelot que sempre fica vazio. Lancelot, o mais dedicado cavaleiro, que assim como Judas em relação a Jesus era o que mais amava Arthur e também o traiu.  José de Arimatéia fundou sua congregação em Glastonbury.

Laurence Gardner em seu livro “O Legado de Madalena” nos diz que:

“Enquanto na Britânia, o projeto de José de Arimatéia era mantido na tradição apostólica por um círculo fechado de 12 eremitas (devotos). Se um morresse, ele seria substituído por outro. Esses monges eremitas irlandeses foram citados como os “Irmãos de Alain”, que era um de seus nomes. Portanto, eles eram filhos simbólicos de Bran (o pai da Velha Igreja, em oposição ao mais recente título de “Papa” em Roma – por esse motivo, Alain é às vezes incluído nas listas das famílias como o filho de Bran).

Entretanto, depois da morte de José de Arimatéia, em 82 d.C., o grupo desintegrouse– principalmente porque, naquela época, a invasão romana e o controle tinham mudado para sempre a personalidade da Inglaterra.

Consta na “História da Igreja” de Cressy (que incorpora os registros do mosteiro de Glastonbury) e afirma que Tiago, o Justo irmão de Jesus, também conhecido como José de Arimatéia (ha Rama Theo) morreu em 27 de julho de 82 d.C., após ter sido formalmente excomungado em Jerusalém, vinte anos antes. O dia consagrado a José de Arimatéia, nas localidades onde se processam os seus festejos é 17 de março.

Seu destino após o mistério do Gólgota é narrado de várias formas:

-     Ele é preso e milagrosamente com a ajuda de anjos se liberta e vai para Jerusalém.

-     No livro “Vindicta Salvatoris” é narrado a história da conquista de Jerusalém por Tito, para vingar Cristo e liberta José de Arimatéia de uma torre, onde sobreviveu com alimentos celestiais dados pelos anjos.

-     Nas Ilhas Britânicas, surgem no séc. XI e XIII as lendas do Santo Graal que narram a vida de José de Arimatéia após sua saída de Jerusalém.  Depois de dividir o conteúdo do cálice com Nicodemus, ele o levou para a França junto com Maria Madalena, Marta e Lázaro e evangelizou lá, na Espanha tornou-se bispo pelas mãos de São Tiago, evangelizou em Portugal e Inglaterra,  lá foi o fundador da primeira igreja cristã em Glastonbury.

-     Na França a lenda do séc. IX, nos tempos de Carlos Magno (patriarca de Jerusalém), conta que foram levados os ossos de José de Arimatéia e teria ingressado no mosteiro templário de Moyenmoutier, do qual foi abade.

 

O fato histórico é que José de Arimatéia deu origem à linhagem dos Reis do Graal, quando casou com a sacerdotisa Ayba ou Elyab, tendo 2 filhos: Anna (profetisa de Arimatéia) e Joshua.   O rei Arthur, da Távola redonda e seus doze cavaleiros tinha o nome de Arthur Mac AedanofDalvíada, viveu no séc. VI, era filho de AedonofDalvíada, rei Pedragon, nasceu no ano de 559, era descendente dos reis do Graal.

 

Versões

 

De acordo com "A Batalha de MagTured", a tradição irlandesa menciona que os Tuatha (o conjunto dos iguais, a nação ou os pares que compartem a uma categoria de cidadãos que na saga se referem a uma nação gloriosa e superior), se dirigiram à Ilha Maravilhosa, a Avalon, a Thule- a misteriosa ilha do mar do norte, levando quatro objetos: uma pedra, chamada "A Fatídica", a pedra, jóia ou cristal do destino que permite explorar o futuro e adivinhar quem era o legítimo Rei ; uma lança capaz de tornar invencível o Guerreiro que a portar (a lança que feriu Jesus, oCristo na cruz e chegou às mãos de Adolf Hitler ; uma espada, a inexorável Escalibur (Caliburn), a espada cuja invencibilidade se relaciona com a legitimidade da mão que a empunha e finalmente uma copa ou cálice, a copa de Dagdé, inesgotável como uma cornucópia, cujo conteúdo saciava a todos os guerreiros, repondo suas forças e curando suas feridas, não sem antes elevar seus espíritos.

Existe um local sagrado chamado Glastonbury impregnado de magias e lendas, que remonta à era pagã. Segundo a tradição, ali seria o antigo sítio da etérea ilha de Avalon, para a qual Artur teria sido levado para que seus ferimentos fossem curados pela fada Morgana.  Hoje, Glastonbury é uma cidade pequena, mas movimentada, porém há muitos séculos, a comunidade encerrava-se em uma ilha, cercada de pântanos que foram com os tempos drenados. Seu antigo nome celta era YnisWitrin, ou ilha de vidro. Segundo a lenda, o cristianismo chegou cedo a Glastonbury. José de Arimatéia teria sido o fundador da vila no primeiro século da era cristã. E com ele teria trazido doze missionários e o Santo Graal.

No seu "Parsifal", Wolfram Von Eschenbach menciona que obteve dados na obra de um certo "Kyot, o Provençal", que teria encontrado a lenda de Parsifal e o Graal nos textos pagãos decifrados por ele, graças ao seu conhecimento dos "caracteres mágicos".

Anuncia-se que: "Esta história...não se conta a gente que não pode compreende-la". E acrescenta: "Somente se devem revelar seus segredos àqueles a quem Deus dotou de forças suficientes. A grande história do Graal jamais foi estudada pelos homens mortais".

Vamos falar agora da Bretanha ou Britania, terra dos Brittons ou Betrões de onde vem a história do pai do Rei Arthur, Uther Pendragón e de seu irmão mais velho, o pai de Merlin (Myrddin, cujo nome mudou com os séculos para Merlin), Ambrosius Pendragón que participava de rituais secretos de adoração ao Deus Mitra (SOL), um deus de Guerreiros, de raízes indo-árias, que chegou a Bretanha junto com as legiões Romanas. Isto daria algumas luzes sobre certas inquietantes coincidências entre as sagas do Graal e outros grandes mitos do oriente, dos povos ários do Irã e da Índia como também do povo semítico dos Árabes.

O Rei Uther era descendente direto do Rei Pescador ou José de Arimatéia, o portador do Graal Sagrado, a copa ou cálice da Suprema Maravilha. É um cálice de ouro, de acordo com a maioria das tradições, embora outros afirmem que está confeccionada com uma pedra, com propriedades maravilhosas, ou com uma gema preciosa, possivelmente uma esmeralda. Porém é, em todo o caso, um cálice resplandecente cujo brilho é ofuscante que emana do próprio objeto e não é reflexo de outra luz. Uma de suas peculiaridades físicas é que pode em determinadas circunstâncias, aumentar ou diminuir seu peso, de acordo com as qualidades de quem o toma. Não obstante, tomando do cálice, a velhice demora por chegar e José de Arimatéia chegou aproximadamente a idade de 500 anos.

 

 Hoje, ainda tem um tumulo nas ruínas em Abbey Glastonbury, onde afirma-se que seus restos mortais se encontram, bem próximo ao Chalice Well e Monte Tor.