TEXTOS PARA LEITURA


Luiza Frazão nasceu nos anos 50 em Portugal, tendo vivido alguns anos em Angola e em França durante a infância e juventude. Fez dois anos de Estudos no Instituto de Estudos Sociais da Universidade Católica de Paris e é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de lisboa. Foi professora do ensino secundário durante largos anos.

Em 1998, entretanto, iniciou o seu percurso espiritual pelo estudo da astrologia no Quiron – Centro Português de Astrologia, fundado em Lisboa pela astróloga Maria Flávia de Monsaraz. Em 2004 tornou-se professora do Método Louise Hay de Desenvolvimento Pessoal. Estudou Constelações Familiares com Paula Matos e Jacob Schneider, e possui o nível Practitioner em Programação Neurolinguística pelo Instituto Internacional de PNL. Frequentou outras formações na área do Desenvolvimento Pessoal e Espiritual com Neal Donald Walsh, Patricia Crane, Rick Nichols, Nuno Michaels, Sondra Ray, Zulma Reyo, entre várias/os outras/os.

Encontrou a Deusa através da obra da psicóloga junguiana Jean Shinoda Bolen e, em 2009, realizou a sua primeira viagem a Glastonbury, no Reino Unido, onde descobriu o Templo da Deusa, bem como a Conferência a Ela dedicada, que anualmente aí tem lugar. Profundamente tocada pela energia do lugar e pelos objetivos do Movimento da Deusa, iniciou em 2011 a formação de Sacerdotisa de Avalon, tendo feito os seus votos de dedicação à Senhora de Avalon em 2014 e posteriormente à Deusa Rhiannon em 2015.

Pesquisadora do Sagrado Feminino, reivindica para Portugal e para a Península Ibérica a dimensão mítica do Jardim das Hespérides, para a qual criou a Roda do Ano da Deusa Cale, Deusa central de Portugal, bem como o treino de Sacerdotisas e de Sacerdotes desta mesma tradição.

Viveu entre 2013 e 2015 em Glastonbury e tem vindo a participar regularmente na Goddess Conference desde 2014. Dinamiza cursos, oficinas e comunicações inspiradas na Deusa e dedica-se apaixonadamente às suas funções de Sacerdotisa e Cerimonialista.





As hespérides e os pomos de ouro

As deusas Hespérides passeiam pelos céus, encarregando-se de iluminar todo o mundo com a luz da tarde. Desta forma, fazem parte do ciclo do dia: Hemera trazia o dia, as Hespérides traziam o entardecer e Nix fechava o ciclo com a noite. 

As três Hespérides eram: 

* Egle - a Radiante - deusa da luz avermelhada da tarde 

* Erítia - a Esplendorosa - deusa do esplendor da tarde 

* Hespéra - Crepuscular - deusa do crepúsculo vespertino. 

As Hespérides possuiam atributos semelhantes aos das Horas que presidem as estações do ano e também das Cárites ou Graças. Junto de Hemera (o Dia), compunham o séquito de Hélios (o Sol), de Eos (a Aurora) e de Selene (a Lua). Iluminavam o palco e maestravam a dança das Horas, de quem se tornaram companheiras. 

As Hespérides cantavam em coro com voz maravilhosa junto às nascentes sussurrantes que exalam ambrósia e costumavam ocultar-se através de súbitas metamorfoses. Também chamadas de ninfas do poente, habitavam o extremo Ocidente e tinham o dom da profecia. Eram belas, jubilosas e simbolizavam a fertilidade do solo. Moravam em um belo palácio, no Monte Atlas e bem à frente do jardim das árvores dos pomos ou maçãs de ouro. 

Há varias versões sobre sua paternidade. Uma versão diz que elas são filhas de Zeus e Têmis; outra diz que descendem de Fórcis e Ceto. A interpretação evemerista diz que Hésperos, o astro da tarde, teria tido uma filha chamada Hespéride, que junto de Atlas, seu tio, deu à luz às ninfas Hespérides. Na Teogonia de Hesiodo elas são filhas de Nix (noite) e Erebus (escuridão). 

Segundo Evêmero, as ninfas Hespérides são sete donzelas: Aretusa ou Hesperaretusa, Hespéria, Hespéris, Egéria, Clete, Ciparissa e Cinosura. As ninfas possuíam o dom de controlar a vontade de feras selvagens e eram consideradas guardiãs da ordem natural, das fronteiras entre o dia e a noite, dos tesouros dos deuses e também das fronteiras entre os três mundos - a Terra, o paraíso e o mundo subterrâneo. 

O jardim das Hespérides era conhecido como Jardim dos imortais, pois continha um pomar que abrigava árvores mágicas de onde nasciam os pomos de ouro, considerados fontes de juventude eterna e era considerado o mais belo de toda a antiguidade. Quando Hera se casou com Zeus, recebeu de Gaia como presente de núpcias algumas maçãs de ouro. Também foi desse jardim a maçã da discórdia atirada por Éris, que deu origem à disputa entre as deusas. 

Para chegar até o jardim havia muitos obstáculos: a gruta das Gréias e a gruta das Górgonas. O próprio jardim era povoado de monstros que o protegiam, como o terrível Ládon, o dragão de 100 cabeças. Somente dois herois mortais encontraram os jardins das Hespérides: Perseu quando fora enfrentar Medusa e Héracles. 

Em uma versão, o rei do Egito Busíris, vizinho do reino das Hespérides, mandou raptar as ninfas e devastar os jardins. Quando Héracles chegou ao país, libertou as Hespérides e entregou-as a Atlas. Como recompensa, Atlas lhe deu as maçãs de ouro e lhe ensinou a Astronomia. Na interpretação evemerista Atlas foi considerado como o primeiro astrônomo, e por isso conhecia o caminho das estrelas, dando o seu nome à coleção de mapas da terra. 

 


SINOPSE do livro "A Deusa do Jardim das Hespérides" de Luiza Frazão

Durante milênios a Deusa foi cultuada pela humanidade e a lembrança desse tempo permanece na nossa memória colectiva como a Idade de Ouro. Nela prosperaram sociedades centradas na Mãe - pacíficas, igualitárias, sustentáveis, regidas pelo princípio do prazer -, paraísos que com a alteração do paradigma social mudaram de dimensão, estando agora encantados, encobertos por brumas, inclusos. Ao nível do nosso território, essa dimensão é conhecida como o Jardim das Hespérides - o nome das antigas Sacerdotisas da Deusa da Hespéria, Ibéria. À semelhança da Ilha de Avalon, Nove Irmãs sustêm a sua energia, com Quitéria no centro, tal como Morgana é central em Avalon.

Neste livro Luiza Frazão apresenta o resultado de vários anos de investigação sobre a tradição da Deusa no nosso território. Desse trabalho resultou a criação de uma Roda do Ano de Cale - Deusa que deu o nome a Portugal. 

Aqui ficamos a conhecê-La com a energia própria de cada momento e as correspondentes faces da Deusa, assim como as Hespérides, os animais totémicos e as criaturas mitológicas, as árvores sagradas, lugares de poder e as tradições com que celebramos cada uma das oito festividades que marcam o ano da Deusa. «Trata-se duma rica e variada exposição sobre a Deusa em Portugal e dum passo enriquecedor e vital para quem deseja recuperar a Deusa através da cerimónia e da prática.»

Kathy Jones, in Prefácio - Sacerdotiza de Avalon - Co-Fundadora do Templo da Deusa de Glastonbury


Peregrinações da Deusa - ENCONTRO COM AS SUAS CRIATURAS SAGRADAS

Várias criaturas da Deusa, animais da fauna ibérica, se cruzaram no nosso caminho durante a nossa peregrinação/retiro por terras de Beira, de Cale-Beira. Em destaque estiveram a Águia e o Abutre, aves totêmicas deste momento do ano, do Solstício de Inverno na nossa Roda do Ano, com o seu pouso e lugar de nidificação nas mesmas Fragas Sant’Ana, onde a cabeça da Senhora da Pedra sacraliza a paisagem, situada precisamente a Norte, a direção deste festival. Em cerimônia, reativamos este lugar, na tarde de sábado, depois duma vivência intensa em que curamos e ressignificamos uma tradição feminina local.

 

A Salamandra de Fogo, ou Saramântiga, foi outro dos seres que vimos passar junto da berma do caminho por onde regressávamos, já a noite caía. Mais adiante, avistamos dois Sapos minúsculos no chão, rente ao muro de pedras, cuja cor e manchas mimetizavam na perfeição. Só olhares experientes e sentidos apurados conseguem detectar tais criaturas na paisagem e ainda por cima ao lusco-fusco... 

 

No Almurtão, uma abelha veio pousar sobre a lanterna ainda morna da chama que abrigara, validando a minha intuição de que aquele foi um templo da Deusa sustido pelo incansável labor das Sacerdotisas Melissas do passado, que como podem sobrevivem no presente...

Abutre e Águia, criaturas totêmicas da Mãe do Ar, A Pega e a Poupa foram outras das aves sagradas que se manifestaram para nós na paisagem, lembrando-nos de que todas as aves são por excelência criaturas da Senhora do Inverno, Senhora do Céu e das Estrelas. O mais surpreendente, porém, foi o avistamento da Cobra, que rapidamente se sumiu por entre as pedras, aquecidas àquela hora pelo sol, do que resta da antiga muralha de Idanha-a-Velha, junto à porta sul, guardiã da Azinheira Grande. 

 

Claro que ficamos com vontade de consultar o Oráculo dos Animais da Península Ibérica.


Glorioso e abençoado Solstício de Inverno!

Que Cale do Ar nos traga os dons da quietude, do silêncio e da interiorização neste tempo de pousio em que a terra sonha com a nova vida e a Grande Tecedeira entrelaça mais uma vez os fios da Teia da Vida. Que o Seu vento forte limpe a nossa mente de pensamentos obsessivos que não nos servem mais e nos traga clareza para que novas ideias, novos sonhos e projetos, novas formas de estar na vida possam surgir e motivar-nos no nosso caminho.  Que as Suas aves nos inspirem a voar mais alto, a sonhar cada dia com mais e mais liberdade, visão e expansão...

 

E que a magia deste tempo nos ajude a conectar com a sabedoria antiga, local e planetária, e a receber os seus dons que mais profundamente nos ligam à Vida em todas as suas dimensões, física e não física, terrena e cósmica. 

 

Acredito que, neste tempo do Espírito, essa sabedoria, se a ela nos abrirmos, sempre fica mais acessível... encontramos sempre algum Ancião ou Anciã sábia e inspiradora que nos conecta mais profundamente com a Alma do Mundo... como este ano as Babushkas de Buranova… Abençoadas! 


Antes da Lusitânia: quando Portugal se chamava Ofiússa e nele viviam os Ofis



Estrímnios: o povo que habitou Portugal antes dos Lusitanos



A chama do Jardim das Hespérides